Microempresas do CE sobrevivem mais

 

A média cearense é maior, inclusive, que a nacional e a de países como Canadá, Estônia e Luxemburgo

Em dez unidades federativas do País, a taxa de sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPE), nos dois primeiros anos de funcionamento, é maior do que a da média brasileira (73%). Três estados lideram essa estatística positiva, e o Ceará é um deles. Aqui, de cada 100 MPEs que são abertas, 79 sobrevivem ao primeiro biênio de existência, considerado o período mais conturbado e difícil na visão de muitos especialistas. Roraima e Paraíba apresentam igual índice de aproveitamento.

No Nordeste, a taxa de sobrevivência é de 69%, dez pontos percentuais abaixo da cearense. O índice local supera o de países como o Canadá (74%), Estônia (75%) e Luxemburgo (76%). Os dados foram divulgados, ontem, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio do levantamento “Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil”.

Diferenciais

O superintendente do Sebrae no Estado, Carlos Cruz, acredita que a razão desse resultado esteja apoiado na própria economia local, que vem apresentando crescimento e perspectivas de desenvolvimento acima das médias da região e do Brasil. “Isso é muito bom porque com um ambiente economicamente favorável é necessário um menor esforço para conseguir êxito”, diz.

“Anos atrás, a taxa de mortalidade das Micro e Pequenas era de até 60%, no Estado. Hoje esse nível é de apenas 21%”. Na opinião dele, o diferencial do Ceará em relação aos demais tem sido a boa execução do que ele denomina de tripé de sustentação: inteligência do negócio, crédito e comercialização. Além do acompanhamento do Sebrae, especialmente, nos primeiros 24 meses da empresa.

Tripé sustentável

“O primeiro item do tripé diz respeito a saber fazer. Se você quer fabricar vassouras, você precisa saber como, conhecer fornecedores e novas tecnologias. O segundo critério é saber o tipo de crédito ideal, avaliando valor, taxa de juros e prazo. Tem que ser compatível com o negócio”, conta, ressaltando que, nesse item, parcerias do Sebrae com bancos públicos tem trazido impactos positivos. “A gente procura capacitar o empreendedor antes dele tomar o empréstimo. Obviamente que não é só isso que garante o resultado, mas percebemos que tem feito a diferença”, fala o superintendente.

Carlos Cruz informa que o terceiro aspecto é sobre como vender o produto ou a marca. “O Sebrae apoia bastante os MPEs nesse ponto, com seus diversos instrumentos: feiras, viagens em comitivas, consultorias, palestras, entre outras ações”, avalia.

Inovação

Conforme o representante do Sebrae, mesmo com o resultado expressivo, ainda é preciso avançar bastante. Ele acredita que inovação é a característica que deve nortear as MPEs locais nos próximos anos. “Os desafios são enormes, mas aposto na inovação. É preciso desmistificar essa palavra para os empreendedores. Às vezes, uma simples mudança no layout de produção é suficiente para tornar o preço do produto mais atrativo no mercado. Isso é inovação para as Micro e Pequenas”, explica.

Setores

A pesquisa do Sebrae também indicou a taxa de sobrevivência após dois anos de abertura por atividade econômica. No Ceará, o melhor desempenho é o do comércio, com 83%, seguido pelos segmentos da indústria (80%), serviços (71%) e construção civil (67%).

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER

Opinião do especialista 
Fazer dívidas só quando é possível pagar

Para uma microempresa sobreviver no mercado é preciso ter um bom planejamento financeiro e experiência no setor em que atua. Ele permite gastar somente o que pode, e fazer a dívida que é possível pagar. Para abrir a loja, contratamos um empréstimo de R$ 85 mil há dois anos na Caixa Econômica Federal. Tínhamos sete funcionários. Hoje, são 17 colaboradores e planos de abrir uma segunda loja em 2012. Para isso, estamos estudando a possibilidade de contratar o segundo financiamento da ordem de R$ 150 mil. A loja de lanches e encomendas de doces e salgados nasceu após um período de atuação no setor. Atendíamos apenas as encomendas. Eu com produtos de milho: pamonha, canjica, bolos, para supermercados e hotéis. E minha irmã fazendo tortas doces por encomendas. Cada um gerindo um micronegócio. Era apenas um funcionário contratado. Até que resolvemos nos unir para abrir a loja com a experiência que tínhamos na área de alimentos.

Diogo Padilha
Empresário

Fonte: Diário